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- Legislação [Lei Nº 1216 de 12 de Agosto de 2009]
Lei nº 1.216, de 12 de agosto de 2009
Dispõe sobre a Política, cria o Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional e dá outras providências.
O Prefeito Municipal de Senador Pompeu, Estado do Ceará, no uso de suas atribuições legais, faz saber que a Câmara Municipal aprovou e ele sanciona e promulga a presente lei:
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Esta Lei dispõe sobre a Política Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, bem como institui o Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, estabelecendo as obrigações e responsabilidades da administração pública para garantir o direito humano à alimentação adequada e saudável, assegurada a participação da sociedade civil organizada na formulação de políticas, planos, programas e ações direcionadas à segurança alimentar e nutricional.
A Segurança Alimentar e Nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.
a ampliação das condições de acesso aos alimentos por meio da produção, priorizando os de base ecológica, em especial da agricultura familiar, do processamento, da industrialização, da comercialização, incluindo-se os acordos internacionais, do abastecimento e da distribuição dos alimentos, compreendida a água, bem como da geração de trabalho e da redistribuição da renda;
a conservação da biodiversidade e a utilização sustentável dos recursos;
a promoção da saúde, da nutrição e da alimentação da população, priorizando grupos populacionais específicos, povos e comunidades tradicionais e populações em situação de vulnerabilidade social;
a garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos, bem como seu aproveitamento, estimulando práticas alimentares e estilos de vida saudáveis que respeitem a diversidade étnica, racial e cultural da população;
a produção de conhecimento e o acesso à informação;
a implementação de políticas públicas e estratégias sustentáveis e participativas de produção, comercialização e consumo de alimentos, respeitando as múltiplas características culturais.
O direito humano à alimentação adequada e saudável, objetivo primordial da Política Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, é direito absoluto, intransmissível, indisponível, irrenunciável, imprescritível e de natureza extra-patrimonial.
É dever do Poder Público do Município de Senador Pompeu respeitar, proteger, promover, prover, informar, monitorar, fiscalizar e avaliar a realização do direito humano à alimentação adequada e saudável, bem como garantir os mecanismos para sua exigibilidade.
Ao dever do Poder Público soma-se a responsabilidade da sociedade civil em contribuir para a promoção do direito humano à alimentação adequada.
DA POLÍTICA E DO PLANO MUNICIPAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
A Política Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, como componente estratégico do desenvolvimento sustentável, tem por objetivo promover, através de planejamento integrado e de forma intersetorial, ações e políticas governamentais e ações da sociedade civil destinadas a assegurar o direito humano à alimentação adequada e saudável e o desenvolvimento integral da pessoa humana.
O planejamento das ações da Política Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional será determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
A Política Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional deverá contemplar, entre outros aspectos:
a promoção e a incorporação do direito humano à alimentação adequada e saudável nas políticas públicas;
a promoção do acesso à alimentação de qualidade e de modos de vida saudável;
a promoção da alimentação e da nutrição materno-infanto-juvenil, em todas as fases do círculo de vida;
a promoção do trabalho e renda através da economia solidária enquanto estratégia de desenvolvimento e segurança alimentar e nutricional para garantia do acesso à alimentação de qualidade valorizando os hábitos e culturas alimentares locais;
a promoção da participação permanente dos diversos segmentos da sociedade civil organizada na elaboração e no controle social da Política de Segurança Alimentar e Nutricional;
a promoção das Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional capazes de garantir ações direcionadas para povos e comunidades tradicionais, ribeirinhos, extrativistas e pescadores artesanais;
a conservação e uso sustentável da agrobiodiversidade e dos recursos naturais;
o acesso à água de qualidade, quantidade e regularidade para consumo humano e produção;
a ampliação e o fortalecimento das ações de alimentação e nutrição em todos os níveis de atenção à saúde, de modo articulado às demais Políticas Públicas;
a garantia e fortalecimento da regionalização das ações intersetoriais voltadas à Segurança Alimentar e Nutricional;
a garantia do atendimento suplementar e emergencial a indivíduos ou grupos populacionais em situação de insegurança alimentar e nutricional;
o fortalecimento das ações de vigilância sanitária dos alimentos;
a instituição de processos permanentes de educação alimentar e nutricional;
a realização de ações complementares, no âmbito desta Lei, em apoio à reforma agrária, para discriminação, regularização, demarcação e distribuição das terras públicas do município e sem função social para os trabalhadores sem terras ou de minifundios, priorizando as comunidades e povos tradicionais;
o fortalecimento e autonomia da agricultura familiar, com estruturação e desenvolvimento de sistemas de base agroecológica de produção, extração, processamento e distribuição de alimentos, orientando prioritariamente para o suprimento das necessidades de abastecimento local;
Será elaborado, com a participação da sociedade civil organizada, um Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional constituído de princípios, diretrizes, estratégias, objetivos, metas, orçamento e indicadores de monitoramento das ações de Segurança Alimentar e Nutricional.
identificar estratégias, ações, metas e orçamentos a serem implementados segundo cronograma definido;
indicar fontes orçamentárias e recursos administrativos a serem alocados para a concretização do direito humano à alimentação adequada;
definir e estabelecer formas de monitoramento mediante a identificação e o acompanhamento de indicadores de processos e de impacto, bem como estabelecer as formas dos ajustes necessários para garantir a realização das metas e diretrizes programadas;
prever ações de caráter emergencial em situação de risco à segurança alimentar e nutricional.
O Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional deverá ser elaborado no âmbito do Plano Plurianual do Município.
Os programas e ações componentes do Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional que integram as diversas Políticas articuladas pelo Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, serão financiados pelos seus respectivos orçamentos, fundos e outras fontes.
DO SISTEMA MUNICIPAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
A consecução do direito humano à alimentação adequada e saudável da população far-se-á por meio do Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, integrado por um conjunto de órgãos e entidades do Município e pelas instituições privadas, com ou sem fins lucrativos, com atuação em áreas afetas à segurança alimentar e nutricional, observado o disposto nesta Lei e em normas complementares.
O Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional tem por objetivo formular e implementar Políticas e Planos de Segurança Alimentar e Nutricional, estimular a integração dos esforços entre governos federal, estadual e municipal, e sociedade civil, bem como promover o acompanhamento, monitoramento e avaliação da segurança alimentar e nutricional no Município de Senador Pompeu.
O Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional reger-se-á pelos seguintes princípios:
universalidade e eqüidade no acesso à alimentação adequada, sem qualquer espécie de discriminação;
preservação da autonomia e respeito à dignidade das pessoas;
participação e controle social na formulação, execução, acompanhamento e monitoramento das políticas e dos planos de segurança alimentar e nutricional em todas as esferas de governo;
transparência dos programas, das ações e dos recursos públicos e privados e dos critérios para sua concessão.
O Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional tem como base as seguintes diretrizes:
promoção da intersetorialidade das políticas, programas e ações governamentais e não-governamentais;
descentralização das ações e articulação, em regime de colaboração, entre as esferas de Governo Federal, Estadual e Municipal;
monitoramento da situação alimentar e nutricional, visando a subsidiar o ciclo de gestão das políticas para a área de segurança alimentar e nutricional nas diferentes esferas de Governo Federal, Estadual e Municipal;
conjugação de medidas diretas e imediatas de garantia de acesso à alimentação adequada e saudável, com ações que ampliem a capacidade de subsistência autônoma da população;
estímulo ao desenvolvimento de pesquisas e à capacitação de recursos humanos.
O Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional é integrado pelos seguintes componentes:
Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Município de Senador Pompeu - CONSEA;
instituições públicas e privadas, com ou sem fins lucrativos, que manifestem interesse na adesão e que se enquadrem nos critérios, princípios e diretrizes do Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional.
A participação no Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de que trata este artigo deverá obedecer aos princípios e diretrizes previstos nesta Lei, e será definida a partir de critérios estabelecidos pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Município.
Os órgãos responsáveis pela definição dos critérios de que trata o § 1° deste artigo poderão estabelecer requisitos distintos e específicos para os setores públicos e privados.
DAS CONFERÊNCIAS
As conferências são instâncias responsáveis pela indicação ao CONSEA Municipal das diretrizes e prioridades da Política e dos Planos Municipais de Segurança Alimentar e Nutricional, bem como pela avaliação do Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional.
A Conferência Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional realizar-se-á com periodicidade não superior a 04 (quatro) anos, com representantes do poder público e da sociedade civil, cabendo-lhes:
propor as diretrizes para a construção e o aperfeiçoamento da Política e do Plano de Segurança Alimentar e Nutricional;
realizar o monitoramento e a avaliação do Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional;
escolher os delegados para as conferências de âmbito superior.
DO CONSEA
Ao Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional municipal - CONSEA cabe propor as diretrizes e prioridades da Política e do Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, considerando as deliberações da Conferência Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, além de acompanhar, articular e monitorar a convergência de ações destinadas a assegurar o direito humano à alimentação adequada e saudável.
A destinação dos servidores, infra-estrutura e recursos financeiros necessários ao funcionamento do CONSEA ficará a cargo da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social - STDS, por meio de dotação orçamentária própria.
DAS INSTÂNCIAS MUNICIPAIS DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
O CONSEA municipal e outros órgãos de Segurança Alimentar e Nutricional integrantes do Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, em regime de colaboração, são responsáveis pela articulação entre o poder público e a sociedade civil no âmbito municipal e territorial para a consecução do direito humano à alimentação adequada e da segurança alimentar e nutricional.
Os órgãos e entidades públicos ou privados que integram o Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional o farão em caráter interdependente, assegurada a autonomia dos seus processos decisórios.
O dever do poder público não exclui a responsabilidade das entidades da sociedade civil integrantes do Sistema Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional.
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Fica instituído o Fundo Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional - FUNSEA-, vinculado ao Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Ceará - CONSEA-CE -, tendo por finalidade apoiar financeiramente programas e projetos direcionados ao combate à fome, à miséria e à exclusão social, sendo a gerência, a execução e o controle contábil do Fundo de competência da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social - STDS.
Constituem recursos do Fundo Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional - FUNSEA:
a dotação consignada anualmente no orçamento municipal e as verbas adicionais que a lei estabelecer no decurso de cada exercício, bem como quaisquer outros incentivos governamentais;
as doações, auxílios, contribuições, subvenções, transferências e legados de entidades nacionais e internacionais, governamentais e não-governamentais;
receitas advindas de convênios, acordos e contratos realizados com entidades governamentais e não-governamentais, nacionais e estrangeiras;
transferências da União, do Estado do Ceará; e
outros recursos legalmente constituídos.
A gestão executiva do Fundo Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional - FUNSEA - será operacionalizada, controlada e contabilizada pela Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social - STDS, com nomenclatura de contas próprias, obedecida a legislação federal e estadual.
A movimentação e aplicação dos recursos do Fundo dependem de autorização do Secretário de Trabalho e Desenvolvimento Social.
Os recursos do Fundo Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional - FUNSEA destinam-se a custear:
despesas com programas e projetos de promoção, orientação e proteção para as pessoas que se encontram em situação de exclusão social, visando superar a situação de insegurança alimentar;
despesas com consultoria, projetos de pesquisas ou de estudos para combater a fome;
despesas com programas de treinamento e aperfeiçoamento de recursos humanos voltados a ações de combate à fome;
despésas agamento de serviços técnicos, de comunicação e de divulgação do interesse do Conselho de Seguran Alimentar e Nutricional do Ceará - CONSEA;